Movimentação Poética no Rio de Janeiro

Movimentação poética no Rio de Janeiro

                É fato que a Cidade do Rio de Janeiro detém uma história com poesia desde os tempos coloniais, passando pelos séculos seguintes a poesia fez-se presente. Hoje a vida poética se instala numa movimentação contemporânea onde a mesma se afina como um Corredor Cultural Poético, por assim dizer; com eventos, lançamentos de livros, grupos de poesia, incidindo na trajetória de eventos em movimentos público e privado, com uma produção poética intensa. No Rio de Janeiro tem-se registrado mais de cem (100) eventos por mês de poesia. Acontecem nas casas, restaurantes, livrarias, espaços públicos, cafés literários, residências, associações, sindicatos, universidades, etc. Os poetas encontram-se e formam uma verdadeira cultura poética em torno das mais variadas expressões. Leituras, declamações, dramatizações, performances, esquetes, outras técnicas são atribuídas aos vídeos, trovas, cantatas, grande parte proporcionada por agendamentos que convocam os poetas, simpatizantes e admiradores da poesia. Vale ressaltar, grupos de poesia que estão na estrada há muito tempo, alguns já passam dos seus vinte cinco anos de atividades, sem falar é claro das grandes instituições literárias que tem sede na cidade, algumas de renome internacional que mantém atividades calorosas e acolhedoras as mais diversas formas de se fazer e interpretar poesia.

Os poemas ditos contemporâneos de extrema “qualidade” no que concerne a seu principal e eloqüente manifesto do poeta em torno da indagação existencial, interpretação ontológica, estética filosófica, vivencial ou poético literária. O poema enquanto poema fica aprisionado numa espécie de letras inanimadas, em livros editados, independentes, e ou em poucas livrarias. Os recitados em eventos, esses, ganham um brilho a mais, passa a ser conhecido por um público, ainda seleto, do “em torno”; mas que orienta os ventos poéticos da disseminação da poesia enquanto arte viva. Sem deixar de lado as novidades: o crescimento das prateleiras em livrarias com edições poéticas. Na Cidade encontram-se poetas em portas de Centros Culturais; livrarias e ou locais movimentados vendendo seu exemplar fotocopiado, seu livro de mão em mão, lembrando bem os anos 70 que se fez conhecer como: geração mimeógrafo. Poetas consagrados editando CDs, concedendo entrevistas, participando de conferencias, colando poemas em grifes ou por encomendas, palestras em Universidades, acalorando a cidade.

Os poetas de rua que se definem como: poeta aquele que vive de sua própria poesia – alguns deles até para pegar um ônibus vende um exemplar da sua produção - enfim, com poesias, fora o vídeo nos sítios da www, sons, podcasts, ebooks, blogs, rádios de poesia, edição sonoras pra baixar, acesso a internet com livros e poesia de tantas formas, foto-poema; poetrix; poesia de formas motriz, a era do /adjetivo sem aditivos/, da /poesia adjetivada/ a poesia sem eira nem beira,/ desde que seja verdadeira./.

Os embates eloqüentes do “em torno”, debates, longos papos, edições, jornais de literatura, suplementos poéticos, grande produção, os trejeitos nos bares da vida, nos Centros Culturais, Praças Públicas, boates, bairros afins; demonstram que há um jeitinho carioca de ser poeta e “agitar” poemas e a poesia. Ao declamá-los, se encontra os poetas “colegas” pelas ruas e a vontade de estar em todos os possíveis eventos onde a poesia acontece. O ano de 2008 criou-se a - I Semana de Poesia, no mês de março, prolongando-se até o final do mês, possivelmente o ano de 2009 será – março: o mês da poesia -, demonstrando o afinco e o gosto pelo que é belo no contexto social da “Res publica” poética. Há eventos que busca consagrar e homenagear a poesia no seu dia nacional, – 14 de março –, o evento Dia Nacional da Poesia, que vem se realizando todo ano, completou cinco anos, consiste em poetas se reunir na Estação do Bondinho do Corcovado e subir em caravana – /durante a viagem a paisagem com poesia à vontade/ até os pés do Cristo Redentor e lá homenagear o Dia Nacional da Poesia, lendo poemas sob a vista da bela cidade do Rio de Janeiro – ver www.youtube.com - seguido de manifestos e propostas. Surgiu esse ano - Rio - Cidade Maravilhosa a Capital da Poesia... Sem duvidas é de se contemplar e de se engajar no processo vital para os anseios e os desejos de poetas que fazem dessa cidade um “que” a mais. No que concerne e rodeia a cidade e a sua própria imagem, as montanhas, as praias, as vielas, as avenidas e uma “gente” /afinada na palavra do dia a dia/,/do varredor de rua passando pelos poetas em dia/, /até o figurão da Academia/. Seguindo o trajeto da sinuosidade em linhas que encanta os olhos da sua natureza plena e bela o Rio de Janeiro inspira poesia. Porem, visto que, a vivência do “em torno” da cidade há as disparidades sociais, as violências fatais, estremece e avulta a perplexicidade, dos fatos e acontecimentos diários que norteia e abala o movimento natural do ir e vir, dos noticiários horrendos da cidade sitiada, envolvida numa /nuvem negra que paira sob nossas cabeças todos os dias/, mesmo assim, o poeta se posta na direção de presenciar e inserir a palavra os versos e as prosas em obras cantadas nos guetos, nas rádios, nas TVs, nas entidades, nos filmes que denunciam a visão dos /factóides encapsulados em apartamentos/entupindo-se de ungüento/sem ter uma saída nem vento/, busca-se no /movimento dos eventos em emolumentos/; encontrar o lazer/prazer, de aqui estar de aqui ser/ estar presente vivenciando o humano; matéria vasta para nossos cientistas, - antropólogos culturais -, que fornecerá no futuro e nos explicará, de certa forma, “à Cultura”, disseminada no século XX, de que todo movimento será reconhecido além do seu próprio tempo. Os eloqüentes participantes das urbes ofegantes dão de cara com as “mídias”, sim as “mídias”, no seu papel, desconhecem o processo que agita e balança poemas no bojo do coração da cidade, a expectativa está inserida no contexto dos “consagrados” e ou “criteriosos” que lançam seus gritos duvidosos: pergunta-se? “quem são eles, esses poetas?” “Isto é poesia?” “pra que serve a poesia?”. Aos negativistas a resposta poética: /Querem impedir que a palavra respire oxigênio dos teus tímpanos conscientes/de que elas podem e devem mudar o frescor da tua consciência/não permita que o coro dos descontentes aniquile a verve da tua poesia latente/deixem que a luz da estrela do poeta clareie o céu da poesia/que essa energia, força e magia; disperse a nuvem negra que paira em nossas cabeças todos os dias/. No /memento nostálgico/ sobre filosofia/ que abarca e ofusca o sentido de contemporaneidade, o que prevalece: o sentido figurado do poeta e da poesia, sem se dar conta do conteúdo poético que é o “poema” em si; fazer e viver esse mesmo poema. Aaahhh! Como diz a poetisa: /mas, porem, entretanto, tudo/... Aqui estamos em versos e prosas que toda essa onda, faz-nos pensar que mesmo assim... O poema nos diz: /vejo flores sinuosas por uma fenda/Porque a vida é um poema.

Pelo Poeta - João Carlos Luz 

0 comentários: